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Estadio de 2014 marcam transição para um novo modelo de futebol, mais capitalista e excludente

O futebol brasileiro passa por um processo de transformação estrutural, moldando-se conforme o capitalismo exige. Uma das facetas dessa mudança é facilmente observada no modelo dos estádios que estão sendo construídos no país.

A nova estrutura busca adaptar o futebol às necessidades mercadológicas do capital, excluindo cada vez mais os trabalhadores dos estádios e assim obrigando-os a tornarem somente expectador em frente à televisão, e, ao mesmo tempo, trazendo a elite para consumir no novo ambiente.

Há um movimento em curso para otimizar o lucro com o futebol, passando pela modificação do perfil do torcedor que acompanha os jogos nos estádio. Não interessa mais o tipo de torcedor que ia ao jogo de futebol movido somente pela paixão, geralmente sem dinheiro além do necessário para pagar o ingresso e o transporte. O objetivo é atrair o torcedor que seja acima de tudo consumidor, que detenha certo poder aquisitivo capaz de comprar produtos no estádio.

Por isso os doze novos estádios construídos ou reformados para a Copa do Mundo 2014 são na verdade uma estrutura além de uma simples arena futebolística, mas também um verdadeiro “shopping center”, com centenas de salas comerciais e praças de alimentação com grandes lojas do ramo.


Lojas dentro do Estádio Morumbi, do São Paulo
O padrão dos estádios é determinado pela Federação Internacional de Futebol – FIFA. Se extingue as chamadas gerais - arquibancadas sem cadeiras com livre trânsito dos torcedores -. Essas “gerais” sempre custavam um preço menor em relação aos outros setores do estádio, por isso, era o local onde se concentravam o maior número de jovens e trabalhadores. O local mais alegre dos estádios, colorido e criativo, onde se encontravam torcedores fantasiados - os "geraldinhos"-, cartazes, faixas, etc.

Os novos estádios são preenchidos com cadeiras numeradas. Adota-se uma concepção no qual o torcedor se transforma em simples expectador passivo, que torce sentado. Diferente das gerais, que acolhia uma torcida vibrante, que cantava, pulava, em fim, participava ativamente do jogo, como parte do espetáculo, a ponto de influenciar o resultado de partidas, daí o apelido da torcida ser o “12º jogador”, apelido que pode perder o sentido.

Apesar do fim da geral criaram agora as classes nos estádios. Camarotes existem de todo o tamanho e do mais variado luxo e "glamour". Dependendo do preço a pessoa pode escolher desde um camarote individual, para cinco pessoas, até camarotes com garçons, champanhe e culinárias exóticas.

O estádio de futebol não é como um teatro, onde a platéia somente assiste e não participa do espetáculo, pelo contrário, na arena de futebol a torcida é parte do show!

Um marco histórico nesse processo aconteceu em 2005, com a reforma de “modernização” do maior estádio brasileiro, o Maracanã. Na ocasião acabaram com a geral do elegante estádio, um dos mais famosos do mundo. No lugar da geral, que abrigava até 30 mil pessoas, com ingressos que valiam de R$ 2 a 10 reais, dependendo do jogo, instalaram 18 mil cadeiras com ingressos que não custam menos de R$ 30 reais! Faça os cálculos e veremos qual dá mais lucro. Lembrando que apesar do estádio ser público, há muito tempo sua administração é privada.

A partir de então a tendência se espalhou e a “geral” está com os dias contatos em todo Brasil, sempre em nome da “modernização”. Acabar com a geral é expulsar o povo das arquibancadas.

O que será do futebol sem o povo? sem os milhares de trabalhadores e jovens que ocupavam a arquibancada e coloriam os estádios levando diversão a esse esporte que se tornou atrimônio cultural? só o tempo dirá. De certo mesmo, é que o capitalismo busca sempre se apropriar de tudo, principalmente se tiver raízes populares, para maximizar seus lucros.

Fábio Ramirez Jogral.net

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